Ele estava atrasado, para variar. O trem não vinha e minha agonia aumentava cada vez mais. O próximo a ser esquecido era "As Brumas de Avalon - A senhora da magia", de Marion Zimmer Bradley. O livro foi um grande companheiro durante a minha adolescência. A despedida não foi fácil, não mesmo. Deixar algo que marcou a sua vida não é simples assim. Mas, já estava decidida. O coitado só estava acumulando poeira na minha estante e também seria o melhor para ele. Estávamos ali, despedindo-nos no banquinho. E o bendito trem não vinha.
Um moço se sentou ao meu lado. Deve ter achado estranho o fato de eu estar conversando com um livro.
"Não é você, sou eu. E é o melhor para você. Vou te deixar aqui."
Coloquei o livro no banquinho e logo depois, o trem chegou.
"Adeus!"
Sabe como as mulheres podem e/ou adoram ser dramáticas naquele fase do mês, né? Então corri. Corri, morrendo de medo de que
o livro, ops, alguém me chamasse. E quando finalmente entrei no trem e vi o livro, ali no banco, eu sorri. Um pouco de nervoso, confesso. Mas é muito maluca essa sensação que fica quando a gente deixa um livro. Quando a gente abre um mundo de possibilidades e novas histórias.
P.s: Deixei esse livro na estação do metrô em março. Sim, culpada! Confesso. Mas faltou inspiração e tempo para escrever!