
O banheiro também estava cheio, mas era mais fácil deixar o livro e sair como se nada tivesse acontecido. Deixei, ainda enrolei lavando as mãos, mas não vi ninguém pegando. Comi meu salgado olhando nas mãos de todos que passavam, mas não conseguir ver. Tudo bem, acho que a graça está mesmo no anonimato.
Mas ainda havia um livro. Esse deveria ser escolhido com cuidado.A história é romântica, daquelas que não ficam atrás de nenhuma comédia romântica hollywoodiana: A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
No sábado a noite, saí para um bar com o namorado e amigos. Coloquei o livro na bolsa. Meu namorado ainda falou para eu não levar: bar é lugar de gente bêbada e, se alguém achasse, não daria bola ou poderia estragar o livro. Mas alguma coisa me dizia que eu devia levar. Passamos a noite rindo e conversando, nem me lembrei do livro. Na volta para casa, passando ao lado de uns banquinhos no Parque Lago das Rosas, falei: Para o carro! Com certeza meu namorado me achou maluca. Peguei o livro da bolsa, desci correndo e larguei em um dos bancos. Não existe um lugar mais despretensiosamente romântico do que um banco de praça, imagina a alegria de alguém que encontraria aquele livro em sua caminhada matinal de domingo.
Fui para casa e dormi feliz com o final de mais uma de minhas missões clandestinas.
Missão dada, missão cumprida, Carol! Q beleza!
ResponderExcluir